sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Dizes que não gostas da chuva e eu julgo compreender porquê. Não gostas da chuva porque não sabes ser triste e desconheces o peso de um olhar que constantemente se vidra num além que não existe.
E se a tristeza for somente uma vaidade do rosto, ou do olhar, digo que as linhas que te desenham lhe são longe.
A tristeza em ti é uma inocência. Ficaste calado e espantado enquanto a tristeza te acontecia. Eu olhei-te com certa altivez, como quem olha uma criança que não sabe do mundo. E eu juro que também não sei, mas gosto da chuva, como se tivesse nascido com sulcos de água no rosto.
Não sei que te disse, palavras de circunstância que seriam a marca de uma serenidade ou aceitação que eu nunca tive. Cansada de me ouvir, prometi-te um abraço, o único remendo que conheço.

6 comentários:

  1. Chovo sobre as calhas aonde ainda haja telhas. Avivo-lhes o vermelho.Retomo pelo cheiro sua origem de barro. Dissolvo consistências num abraço líquido. Sou em cada coisa: chuva. Segredo do grão. Aceno verde. Raízes fartas.

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  2. Elizabete,
    Habituei-me a passar por aqui e a deliciar-me com a tua escrita, em que as palavras são tratadas e usadas de forma sublime, e estranho a ausência de novos textos.
    Espero que este facto seja apenas passageiro - eu sei, o curso é muito exigente - e que em breve nos delicies com novas prosas. fazes falta.

    Beijo :)

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  3. Elisabete...

    Ando com saudades suas.Há quase um mês, venho sempre aqui e você não postou mais. Desejo que tudo esteja bem.

    Tenha um Natal abençoado e um 2012 cheio de luzes , emoções e sucesso. beijoo

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  4. O tempo continua a girar, e dessa banda não surgem novas. Fica mais pálida, a tarde...

    Beijo :)

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  5. Também gosto da chuva e escrita desta forma conduz-me ao sonho!
    Bjinho
    Isabel

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  6. Gosto. De uma forma muito pessoal. Lembra-me um amigo. Dono de um sorriso que ilumina o mundo. Alguém que sorri como se a dor e a tristeza fossem coisas inconcebíveis no mundo. Juraria que realmente nunca se tinha encontrado com elas, não fosse o dia em que testemunhei uma luta hercúlea para segurar as lágrimas. No entanto, ainda hoje sorri com olhos que parecem nunca ter conhecido outra expressão...

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