Se eu, escrevendo, disser que amo, não saberás quem ama, se eu, se a minha vontade.
E nada lerás no meu olhar, senão a agressividade de um animal acossado. O homem pediu-me que não o olhasse daquela maneira. Eu não sabia e constrangeu-me que me tomasse como assaltante. Desde então aprendi a baixar o olhar como quem esconde um pecado.
Digo eu. Digo ela e pensarás que é narciso disfarçado.
Eu não sei. Às vezes, até a mim os véus me confundem. É que o jogo de espelhos pode ser muito perverso. E se tentares fugir, caminharás durante longo tempo e quando parares para recobrar o fôlego, julgando estar longe longe, terás dado a volta ao mundo e estarás um passo ao lado do sítio de onde partiste. Com o amor e o ódio deve ser assim também. O círculo à imagem de deus.
É um círculo. A recta que uniu as pontas num redondo perfeito. Não procures encontrar-me lá, limita-te a aceitar que o círculo é meu e assim me confesso. Mas lembra-te, mais do que uma verdade, a escrita é uma mentira que cobiço.
Elisabete,
ResponderEliminarMais um bonito texto. Uma metáfora que pode ser aplicada ao 25 de 1974. Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, mas fica-se sempre muito próximo do ponto de partida. Anda-se em círculo de forma a não se chegar a lado nenhum. Muito bonito lido sobre qualquer ponto de vista.
Beijinhos
Caldeira
Bela liberdade (a) do criador! Aliás, lilás!... É (a) Liberdade que torna o homem criador, ele cria quando é livre de criar. Nem constrangido, nem obrigado, ele liberta-se. Esta liberdade não é natural, ninguém se liberta estando livre. Então o criador tem de devir “artista”, é aqui que nasce a Arte. Este conceito tão valioso quanto o que, em nome dele, o Homem está disposto a pagar. Impagável teu texto, digno de celebrar, de cantar, de…, por mim, ser visto como um hino ao dia de hoje. Beijos
ResponderEliminar(a) O artigo definido feminino, menina, é esse ninho onde o Homem descobre e descobriu (o) seu caminho. Parabéns!
ea,
ResponderEliminaro homem raramente é a sua vontade e nunca esta é a sua verdade. ainda assim, e apesar de falso estandarte, persegue-a como o fogo por prometeu ou a escrita pelo poeta. pobre daquele que a veste como derradeiro destino. admirável o teu texto!
beijinho circular, querida amiga!
e cobiça-a, à escrita
ResponderEliminarde uma forma que nos toca, um redondo perfeito
entre quem lê e a Elisabete, que escreve
muito bonito!
um beijo
manuela
Olá.
ResponderEliminarComo podes verificar não me esqueci de deixar um comentário no teu blog como tu te esqueces de dizer bom dia ao pessoal. =)=)
Devo-te uns parabéns. Os teus textos estão muito bem escritos e não me admira que num futuro recente tenha de pagar para poder ler textos teus. =)=)=)=)=)
Que mais posso dizer? Continua, estás no bom caminho. =)
(Cá entre nós, estou convencido que um dia vais escrever um texto um pouquinho mais alegre que o teu normal.=)
Beijos
Querida Elisabete...
ResponderEliminarO jogo dos espelhos é mostrar que temos duas almas: a que olha de fora para dentro e a que olha de dentro para fora.Difícl, mas decisivo escolher...
beijos, linda!
E obrigada pelo carinho e pela presença no Desassossego.
Uma maravilha tão profunda e tão plurissignificativa que daria pano para mangas para ficar aqui a escrever toda a tarde.
ResponderEliminarBeijinhos, Elisá.
Elisabete,
ResponderEliminarLeio os comentários anteriores e invade-me uma onda de satisfação. É normal, pois tenho por aqui assistido à forma como tens crescido, crescido...
Beijo :)
E.A.,
ResponderEliminarPor vezes o espelho reflecte o que queremos ver e é difícil, embora essencial, vermos o que não nos mostra...
Penso que também há assim pessoas que vêem nos outros o que simplesmente querem ver e não o que realmente são...
Escrito desta forma, o seu texto não precisa de ser "visto", porque ele transparece a beleza do conteúdo que sentimos ao lê-lo...
Beijinhos
Cada vez melhor... Para qunado um conto (um daqueles contos verdadeiros.. que começam com "era uma vez...")? Era uma prenda que davas ao teu amigo,
ResponderEliminarbeijos
Nuno Carvalho
Muitas vezes voltei aqui para ler tua mais transparente mentira, o véu através do qual te mostras, segura, sob o disfarce de pareceres outra, de te revelares vária. Luz indivisa, sob o prisma das palavras.
ResponderEliminarDe todas as vezes soube que eras tu.
O labirinto de espelhos: a mentira cobiçada têm origem na verdade que se realiza...a ilusão é que ela nos toca( a escrita / mentira ), sem que possamos tocá-la...essa é a grande dor.
ResponderEliminarBeijos carinhosos!
Sereno, me fez imagens mentais aqui...
ResponderEliminarvou seguindo..
abraços poéticos