sábado, 21 de agosto de 2010


Meus ouvidos pousam na noite dormente como aves calmas
Há iluminações no céu se desfazendo...
O grilo é um coração pulsando no sono do espaço
E as folhas farfalham um murmúrio de coisas passadas
Devagarinho…

Em árvores longínquas pássaros sonâmbulos pipilam
E águas desconhecidas escorrem sussurros brancos na treva.
Na escuta meus olhos se fecham, meus lábios se oprimem
Tudo em mim é o instante de percepção de todas as vibrações.
Pela reta invisível os galos são vigilantes que gritam sossego
Mais forte, mais fraco, mais brando, mais longe, sumindo
Voltando, mais longe, mais brando, mais fraco, mais forte.
Batidos distantes de passos caminham no escuro sem almas
Amantes que voltam...

Vinícius de Moraes

Sem comentários:

Enviar um comentário