Hoje sou de gelo e frio.
E quero o ruído, quero a superficialidade. Quero os rostos e vozes desencontradas. Quero as palavras fáceis desses que gritam lá fora. Quero que essas palavras, ocas, vazias de pretensões de estilo ou alma, me calem. Quero que se cale a voz do sonho, quero que a calem. Quero o desengano de uma solidão ruidosa, disfarçada.
Hoje sou de gelo e frio.
E procuro o esquecimento neste lugar feito de rostos e vozes estranhas. Fujo, como um condenado que se recusa a ver e aceitar. Fujo para longe, mas até aqui a solidão me toca. O medo grita mais que todos os gritos.
Hoje sou de gelo e frio.
E o sussurro desse vento rude e grosso a não me deixar esquecer. E a lembrança de uma noite que se vai construindo instante a instante. A noite, o espelho mais duro, a solidão mais sentida, o assombro. A noite encontra-nos. Encontrar-nos-á sempre.
Hoje sou de gelo e frio.
E o maior medo está dentro de mim.
Procurar o conhecimento não é fácil. É necessário pagar-se por ele, passar por muitas provas. A solidão é uma delas. E o medo. Mas ambas ultrapassáveis, se a determinação for forte.
ResponderEliminarAliás, sem se ultrapassarem esses obstáculos o conhecimento nunca chegará.
O conhecimento...
Pode gritar que é de gelo que nunca acreditarei.E não acredito nesta verdade de hoje " quero ruído, quero a superficialidade. Quero os rostos e vozes desencontradas. Quero as palavras fáceis desses que gritam lá fora. Quero que essas palavras, ocas, vazias de pretensões de estilo ou alma, me calem. Quero que se cale a voz do sonho, quero que a calem. Quero o desengano de uma solidão ruidosa, disfarçada."
ResponderEliminarMas acredito nos espelhos da noite mais agudos que os de dia.E nos temores a sós com a nossa imagem e a nossa solidão.
Vai ter que aprender a conviver com o gelo na sua profissão. E vai ter que ultrapassá-lo. E que médica vai ser, Elisabete, menina dos trilhos agrestes onde o céu é mais limpo e onde o gelo se esquece.
Não tenhas medo, vai em frente. É uma "Tempestade" poética. Uma "tempestade" de criatividade.
ResponderEliminarEstuda muito agora, pois a Rota de Santa Eufémia espera por nós.
Bjinhos.
Isabel
Minha linda,
ResponderEliminarhoje o teu ser pode ser gelo e frio... mas nao te esqueças que tens aqui algueém que, em qualquer momento, está pronta para te dar o calor do abraço, do beijo e das palavras sinceras, de forma a transformar esse gelo em água que lava a alma e esse frio em força que nos move a creditar nas coisas mais bonitas da vida.
beijinho grande
DianaR.
AC,
ResponderEliminarO conhecimento é um trilho solitário e doloroso, é verdade. Mas a Lucidez não é, verdadeiramente, uma opção, ela impõe-se-nos, tantas e tantas vezes...
Ibel,
ResponderEliminarQue médica serei eu? Tanto que me questiono. Vejo a minha insegurança, mas vejo também a vontade de ser capaz. A medicina é um privilégio tão grande.
Professora Isabel,
ResponderEliminarA dor, do ponto de vista literário, é um sentimento muito nobre. Mas na vida, a dor é uma lição inútil.
As palavras nascem dos sentimentos. Sobretudo dos que se cobrem de tons de cinzento... Afinal, "Que história pode ser criada sem lágrima, sem canto, sem livro e sem reza?"(Mia Couto)
Diana,
ResponderEliminarEu sei que sim... Saiba eu mostrar-te o que sinto...
Um beijinho muito muito grande.
Este texto seduziu-me, e apeteceu-me relê-lo.
ResponderEliminarQuem escreve assim sabe que o caminho não passa pela fuga.
Quem escreve assim sabe que os desafios que tem pela frente não são fáceis.
Quem escreve assim está a enfrentar os seus medos.
Quem escreve assim...
Parabéns, grande texto!
São de veludo as palavras,
ResponderEliminarDaquele que finge que ama.
Ao desengano levo a vida
A sorte a mim já não me chama...
Vida tão só
Vida tão estranha
Meu coração tão maltratado
Já nem chorar
Me traz consolo
Resta-me só um triste fado
A gente vive na mentira.
Já não dá conta do que sente...
Antes sozinha toda a vida,
Que ter um coração que mente.
Vida tão só
Vida tão estranha
Meu coração tão maltratado
Já nem chorar
Me traz consolo
Resta-me só um triste fado
|Rodrigo Leão_Vida tão Estranha
"Guarda o que não presta, encontrarás o necessario"
É preciso encontrar no caos o útil. Ao Tempo, a esse, nada se pode fazer. As coisas que aprenderes por ti, são as que mais te vincarão.
Abraço*
K.A
Obrigada, sobretudo pela conversa de ontem. Em ti leio a sabedoria despretensiosa de quem fez da prova ensinamento.
ResponderEliminarUm beijinho muito grande