Tinha nome de vida inconformada e lembrança de um amor infinito que me ligou a mim, Pedro de Portugal, a D. Inês, a do «colo de garça».
Trazia memórias de Inês e pregões de motivos injustiçados pela sua morte. Desde aí fui justo, sisudo e louco ao mesmo tempo.
Não sei se se ama alguém com loucura, ou se se ama a loucura por motivo de alguém.
De repente, num dia certo, no meio daquela larga rua da vida, deixa de saber-se onde se está, nem o que se é ou quem.
E fica-se preso à fixidez branca de uma ideia imóvel, feita memória perene.
A voz começou-me a deslizar em ruínas sob a minha gaguez. Roía-me o pensamento, estorvado de exprimir-se.
Quem é que morreu no dia em que morreste, Inês?
A vida somos sempre nós e mais alguém. Mas quando um morre, todos morrem. Sobrevivem apenas pedaços, desencontrando-se no caminho interrompido.
O vento faz o seu caminho e o apaga na passagem.
Só o homem tem sempre vontade de voltar ao impossível.
O amor infinito de Pedro e Inês, Luis Rosa
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