Ensinam aos homens a esperança. A esperança como arrimo. Tantas e tantas vezes descabida, mas Esperança. O castelo dos homens também se sustém na mentira. Palavra feia e dengosa, mas necessária, pois que, se a consciência aguda, a fria razão pulsasse em nós em cada instante, o nosso destino seria a loucura (talvez a loucura seja o forçar do sonho, quando a humanidade lhes pesa, talvez). Há a crueza do sentir. Há humanos sentimentos desumanos. E nós não somos deuses. Não nisto.
Nós não somos deuses, pois não. Nem nunca seremos. Porque, à medida que os formos apeando, haverá sempre necessidade de construir outro panteão, porque nunca chegaremos ao limite, embora a dignidade esteja no tentar. E será esse limite nunca alcançado que nos fará sempre recorrer aos deuses. Sempre renovados, sempre retocados, mas teremos sempre o impulso de dar um nome à nossa transcendência.
ResponderEliminarReli o que escrevi e quer-me parecer que na pressa de dizer lhe perdi o sentido.
ResponderEliminarÉ fácil aceitar a obra e a ideação como marcas de uma transcendência. Ou todos os sentimentos que nos tocam de esplendor.
Mas há também 'humanos sentimentos desumanos' e o coração é frágil e não sabe a dor, ou, no dizer desse senhor que me parece ter palavras correndo nas veias...
"Há saberes que estão para além do entendimento. O Homem entende a Vida. Mas só os bichos entendem a Morte." (Mia Couto)
Um texto muito magoado, como a "esperança descabida"; um texto de quem parece muito adulto e muito experiente; um texto realista" há humanos sentimentos desumanos"; um texto cuja mensagem gostaria de desfazer, mas não consigo. "não sou deusa. nem nisto". Mas houve momentos em que me senti como se o fosse, sobretudo quando me foi revelado o milagre da criação e pude pegar na minha filha nos braços. Ah que sensação! Só por isso valeu a pena este viver.
ResponderEliminarAcho que me perdi em meandros enquanto escrevia o texto. Um dia, reescrevo o sentido...
ResponderEliminarVamos lá então debruçar-nos novamente no texto...
ResponderEliminarA esperança é alimento necessário, não pode é ser palavra gasta, mentira manipulada por ausência de escrúpulos, levando ao desacreditar. Digamos que, sem esperança, não há caminho.
"...se a consciência aguda, a fria razão pulsasse em nós em cada instante, o nosso destino seria a loucura...)
Essa suposição pressupõe que as pessoas, na generalidade, estivessem libertas das amarras que condicionam o seu pensamento e estivessem num patamar mais elevado do conhecimento, facto que, convenhamos, ainda está longe de acontecer. Mas, aceitando que o alcançarão, essa loucura, penso eu, é bem-vinda. Porque seria, então, o forçar do sonho, não porque a humanidade lhes pesasse, mas porque é essa a sua condição natural: procurar saber donde vimos, onde estamos, para onde vamos... (será este o seu peso?)
Nós não somos deuses, pois não, mas é da nossa condição querer descobrir os seus segredos. Ainda que, depois da curiosidade saciada, haja necessidade de descobrir novos deuses.