quinta-feira, 15 de março de 2012




Uma mulher rasga loucuras em verso. Na noite. Que o dia frívolo, num asseio de menino bem, escarnece da morte e desdenha dos medos. E a beleza do que nasce não é gratuita, é sangue escuro e lágrimas quentes e torreões de medos e solidões. E a tenaz dos sonhos e os campos de flores silvestres. Também.
Que sabes da mulher que escreve na noite?
Dos vícios malditos da alma,
dos despertares que não dormem,
da razão que cria monstros banhada em loucura,
dos enredos e segredos que crescem avulsos,
das conjuras de um destino que nasceu antes, rei e senhor?
A pele é só a fronteira mate da violência que tem dentro, feita de demónios e mundos de sete luas pintadas. E grita em silêncio e quando chora ri e é o tudo e o seu contrário numa escada que serpenteia dos céus abonados aos infernos mais fundos.  E é bela a Flor, mas maldita.
Há versos que nascem paridos da insónia e, na noite, a princesa olha o espelho e toda a vaidade se esvai e ela é um cadáver que chora.


3 comentários:

  1. a fronteira

    entre o gelo e o medo

    e a loucura perfeita de um olhar, Florbela

    muito bonito, E.A.!

    um abraço

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  2. Elisabete...
    Olho para a menina da foto e me surpreendo com a maturidade e a tensão de seus versos.
    Você é uma poetisa de mão cheia, porém desejo que sua alma seja mais leve para que se sinta muito feliz.

    Beijos, querida.

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  3. um dia penso
    estar na hora
    de dizer coisa
    com coisa até
    coisa nenhuma
    restar do dizer
    assim dito,
    como é bonito...

    nesse momento
    o sentimento
    irrompe, rompe,
    solta, deixa...
    virgulas e pontos,
    pontos e vírgulas,
    a pontear o texto
    como se fosse
    o jogo que é

    na volta
    este momento
    acaba ficando… e já
    posso ir feliz!

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