Um eco de palavras ressoa nas paredes do meu corpo: gritos esparsos sufocados em meia folha de papel ou um silêncio amotinado.
Sou fraca por temer o dia em que, finalmente, deixarão de vir, caladas nas entranhas do que sou? Tenho medo que faltem, que não retornem, se chamo e elas não vêm. E adio a confrontação, agora não, mais tarde será. E as palavras que escrevi não me servem de consolo, porque nunca o que sou deve desmerecer o que fui. Ou assim o espero. Porque a conquista do ser é constante, praticada instante a instante, sofrida momento a momento. Uma labuta diária de interioridades, na busca de uma perfeição ou equilíbrio que não existirão nunca, porque há infinitos maiores do que outros. Há sim.
Não é birra de menina caprichosa, esta ausência tem corpo e ocupa tanto espaço. É a saudade do que não tenho. Saudade que Deus plantou em mim por engano. Porque deve ser engano nascer árvore sem raiz. Distracção. Castigo abençoado. Vou inventando sonhos que guardo numa mala que já não fecha e canso-me de a levar estrada fora. Hoje fiz da mala o meu assento e assim estou, fazendo beicinho por algo que ninguém me poderá dar. E bato o pé, e choro gritando e esperneio de fúria e desalento, criança bem treinada que fui, mas as palavras não são um brinquedo que se cobiça. São o meu amor amaldiçoado.
Hoje é só para deixar um beijo.
ResponderEliminarAmanhã volto com tempo, Elisá.
Elisabete,
ResponderEliminarTenho para mim que o talento, em muitas pessoas, vive paredes meias com a insegurança, com o medo de...
Às vezes, cogitando, penso que, anulando esse receio, essa timidez, a estrada percorrida teria uma enorme dimensão. Mas é só às vezes. É que, aqui só para nós, estou convicto que é esse duplo conviver que apura a sensibilidade, que lapida a palavra, que aprofunda o sentir... E, depois, logo se verá. Temos apenas, em primeira instância, que agradar a nós próprios. Os outros vêm por inerência.
Força, menina talentosa!
beijo :)
Com tudo isto nem falei do texto. Está excelente, Elisabete!
ResponderEliminarBeijo :)
Como é belo transpor para o papel - neste caso computador - aquilo que nos vai na alma. Se é feito com a qualidade literária de alguém muito conhecedor do valor semântico do encadear das palavras, ainda se torna mais gratificante.
ResponderEliminarAinda bem que há saudades - estas revelam vidas, bonitas, passadas - ainda bem que há birras porque o direito à indignação é um dos mais dignos sentimentos, quando falamos de injustiça e iniquidade.
Parabéns menina talentosa (plágio do AC) mas sentido por mim.
Beijinhos
Caldeira
Um dia eu vou pegar nessa mala, "menina de castigo abençoado" e de beicinho inseguro. Sou eu que a irei abrir em público,essa mala, depois de ter aberto a minha.Talvez não falte muito e já tenho quase sessenta anos. Irra, é muito tempo para estar sentado em cima dela.
ResponderEliminarEscreva os sonhos,agora para nós, já família de leitores.Acabe o curso e depois eu vou tratar de si, senhora doutora,e a senhora trata das minhas maleitas, enquanto desbravamos o trilho das palavras por dizer.
Beijinho, Elisá!
Não temas, tu fintas as palavras quando te parece que elas vão e não retornam.
ResponderEliminarMais um ano lectivo pela frente. Desejo-te sucesso pleno.
Um bjinho
Obrigada pelo carinho e apoio que deixou no meu cantinho.
ResponderEliminarEstou de regresso:)
Parabéns pelo seu texto! "Um eco de palavras ressoa" agora em mim!
Beijinho
ECO
ResponderEliminarO eco sem fundo da musa vem,
Pulsa no peito...
Bate, num ritmo perfeito...
Criando o sonho vivido,
Reflete o pequeno mundo,
Mundo onde o eco, não volta...
Eco que se perde, no fundo do peito.
http://cronicashomer.blogspot.pt/2012/06/lembranca-de-sonhos-de-espuma.html