quarta-feira, 13 de junho de 2012


Ouvem-se azuis na noite. E, na hora sonâmbula, ela sente dedadas frias na pele e sabe que há-de cuspir a alma pelos olhos molhados até adormecer de cansaço. A loucura que os deuses ofertam como abrigo entre os nadas e as solidões.

Sempre que adormecer na brisa, haverá alguém que a carregue em braços para um lugar mais de dentro?

Pergunto-me se acaso sentes o que há de encanto no amor sem sangue, incondicional, gratuito. O que há de encanto em fazer de um estranho, à custa de tanto amor, a pele tua num abraço. O que há de encanto em habitar sonhos alheios, sabendo-te olhada como coisa preciosa.

Pergunto-me se sabes o quanto dói esta visão vicariante da vida. A coragem de ser fraco na fraqueza alheia,  que se quer força e cavaleiro e lança, mas que tantas vezes vacila. Pergunto-me se sabes que a dor que não sentes em ti é dor no outro, mas é dor também.

Sabes de uma coisa? Era ela a menina que lia romances de amor. 

4 comentários:

  1. CORPO E ALMA
    «Pergunto-me se acaso sentes o que há de encanto no amor sem sangue», E.A.

    Prefiro escrever pouco a escrever de mais, ou nada escrever. Os contos não têm história pré-definida, por isso a sua construção é a história curtida de sentir uma, onde a escrita lhe dá corpo e alma.
    Não sei dizer coisas especiosas, gosto da viagem de quem procura especiarias, ir, voltar, aos Descobrimentos (onde, dizem, os portugueses ficaram desempregados)!
    Viajo ao Amor, sem deus de asinhas. A Mitologia mia, dei-lhe nome, já era gata e gatinha quando, langorosa, vagarosa se avizinha, passa a hora a ser dela, vou às festas :)
    Beijos

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  2. acredito


    imagine se com este talento, os escrevesse

    um abraço

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  3. "Tudo quanto vive, vive porque muda; muda porque passa; e, porque passa, morre. Tudo quanto vive perpetuamente se torna outra coisa, constantemente se nega, se furta à vida."
    F.P

    Gostei do teu texto, tens uma escrita agradável.

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  4. A forma como utilizas as palavras na dissecação de emoções e sentimentos é qualquer coisa de incrível. Que talento, Elisabete! E eu, que acompanhei o teu despontar, sinto-me deveras contente.
    (É sempre bom o regresso das tuas palavras)

    Beijo :)

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