Ouvem-se azuis na noite. E, na hora sonâmbula, ela sente
dedadas frias na pele e sabe que há-de cuspir a alma pelos olhos molhados até
adormecer de cansaço. A loucura que os deuses ofertam como abrigo entre os nadas
e as solidões.
Sempre que adormecer na brisa, haverá alguém que a carregue
em braços para um lugar mais de dentro?
Pergunto-me se acaso sentes o que há de encanto no amor sem sangue,
incondicional, gratuito. O que há de encanto em fazer de um estranho, à custa
de tanto amor, a pele tua num abraço. O que há de encanto em habitar sonhos
alheios, sabendo-te olhada como coisa preciosa.
Pergunto-me se sabes o quanto dói esta visão vicariante da
vida. A coragem de ser fraco na fraqueza alheia, que se quer força e
cavaleiro e lança, mas que tantas vezes vacila. Pergunto-me se sabes que a dor
que não sentes em ti é dor no outro, mas é dor também.
Sabes de uma coisa? Era ela a menina que lia romances de
amor.
CORPO E ALMA
ResponderEliminar«Pergunto-me se acaso sentes o que há de encanto no amor sem sangue», E.A.
Prefiro escrever pouco a escrever de mais, ou nada escrever. Os contos não têm história pré-definida, por isso a sua construção é a história curtida de sentir uma, onde a escrita lhe dá corpo e alma.
Não sei dizer coisas especiosas, gosto da viagem de quem procura especiarias, ir, voltar, aos Descobrimentos (onde, dizem, os portugueses ficaram desempregados)!
Viajo ao Amor, sem deus de asinhas. A Mitologia mia, dei-lhe nome, já era gata e gatinha quando, langorosa, vagarosa se avizinha, passa a hora a ser dela, vou às festas :)
Beijos
acredito
ResponderEliminarimagine se com este talento, os escrevesse
um abraço
"Tudo quanto vive, vive porque muda; muda porque passa; e, porque passa, morre. Tudo quanto vive perpetuamente se torna outra coisa, constantemente se nega, se furta à vida."
ResponderEliminarF.P
Gostei do teu texto, tens uma escrita agradável.
A forma como utilizas as palavras na dissecação de emoções e sentimentos é qualquer coisa de incrível. Que talento, Elisabete! E eu, que acompanhei o teu despontar, sinto-me deveras contente.
ResponderEliminar(É sempre bom o regresso das tuas palavras)
Beijo :)