Uma mulher rasga loucuras em verso. Na noite. Que o dia frívolo,
num asseio de menino bem, escarnece da morte e desdenha dos medos. E a beleza
do que nasce não é gratuita, é sangue escuro e lágrimas quentes e torreões de medos
e solidões. E a tenaz dos sonhos e os campos de flores silvestres. Também.
Que sabes da mulher que escreve na noite?
Dos vícios malditos da alma,
dos despertares que não dormem,
da razão que cria monstros banhada em loucura,
dos enredos e segredos que crescem avulsos,
das conjuras de um destino que nasceu antes, rei e senhor?
A pele é só a fronteira mate da violência que tem dentro,
feita de demónios e mundos de sete luas pintadas. E grita em silêncio e quando
chora ri e é o tudo e o seu contrário numa escada que serpenteia dos céus abonados
aos infernos mais fundos. E é bela a
Flor, mas maldita.
Há versos que nascem
paridos da insónia e, na noite, a princesa olha o espelho e toda a vaidade se
esvai e ela é um cadáver que chora.