domingo, 29 de maio de 2011

A Lycra do maiô caía na pele como se também fosse. Pele.
Era a nudez absoluta das linhas do corpo: os seios, a concavidade da cintura, as pernas bem torneadas numa distinta anatomia.
O colo bonito, antecâmara de um rosto de linhas vincadas com suavidade, rainha do gelo.
O cabelo apanhado, colado ao crânio, a mesma intransigência que lhe forja o olhar na distância.
Pulsos brancos, tão finos, que são a marca de uma delicadeza que lhe desce pelas mãos de dedos longos, candelabros sem chama, que a beleza é fria e nela não tocarás.
E a linha das clavículas que é o verbo mais-que-perfeito no corpo de uma mulher.
Quando se ergue em pontas de gesso, sustém a respiração e os dentes cerram-se com força, porque dói. Mas está um palmo acima de si e talvez seja capaz de olhar deus nos olhos. O cetim esconde pés ensanguentados. Tudo é belo nela excepto os pés. Os pés nus, deposta a máscara, gritam de dor.
A silhueta de uma bailarina.

Essa fada


terça-feira, 17 de maio de 2011

domingo, 15 de maio de 2011


Lembro-me de olhar o mar e ver fúria só. E durante anos o motivo que a tantos inspira não foi capaz de provocar o mais leve estremecimento na sensibilidade que tão esmeradamente afinei. Estava errado em mim e eu sabia.
Tantos anos passaram até que ocupasse o devido lugar no círculo dos meus amores eternos. O mar de Sophia. Mas veio, como estava certo que viesse.