Se eu, escrevendo, disser que amo, não saberás quem ama, se eu, se a minha vontade.
E nada lerás no meu olhar, senão a agressividade de um animal acossado. O homem pediu-me que não o olhasse daquela maneira. Eu não sabia e constrangeu-me que me tomasse como assaltante. Desde então aprendi a baixar o olhar como quem esconde um pecado.
Digo eu. Digo ela e pensarás que é narciso disfarçado.
Eu não sei. Às vezes, até a mim os véus me confundem. É que o jogo de espelhos pode ser muito perverso. E se tentares fugir, caminharás durante longo tempo e quando parares para recobrar o fôlego, julgando estar longe longe, terás dado a volta ao mundo e estarás um passo ao lado do sítio de onde partiste. Com o amor e o ódio deve ser assim também. O círculo à imagem de deus.
É um círculo. A recta que uniu as pontas num redondo perfeito. Não procures encontrar-me lá, limita-te a aceitar que o círculo é meu e assim me confesso. Mas lembra-te, mais do que uma verdade, a escrita é uma mentira que cobiço.